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 Re: NO HIPÓDROMO
É, de facto, sobre a REVOLTA DE NIKA que, aliás era o nome do cavalo vencedor naquele dia no Hipódromo de Constantinopla. Creio que em 1995 eu escrevi um soneto sobre a actual Hagia Sophia. Vou procurá-lo para compartilhar contigo e com os demais luso-poetas, tendo em vista que és sensível aos tema.
Não obstante, xibchel, compreendo em parte a celeuma dos turcos em torno de o actual edifício de Hagia Sophia ser convertido ou não em mesquita, pois, trata-se de um edifício estatal imenso e de caríssima manutenção. A solução de Ataturk de transformá-lo em museu nos anos trinta do séc. XX foi um excelente meio termo, mas não duvido que radicais e religiosos a questionem diariamente por lá, afinal, a basílica ainda existe porque foi mantida como mesquita desde a queda de Constantinopla, 1453. Portanto, se voltasse a ser mesquita novamente, conseguiria atrair doações de fiéis muçulmanos de todo o mundo, desobrigando a república turca de sua manutenção.
Devemos nos lembrar que, se revertida a templo cristão, provavelmente Hagia Sophia voltaria a ser sede do Patriarca greco-ortodoxo, o que, considerando o conflito infindável entre gregos e turcos desde o início do séc. XIX -- passando pelas duas Guerras Mundiais... -- deve ser considerado excessivo pelo povo turco.
Por outro lado, é sabido que mesquitas foram convertidas em igrejas tanto em Portugal quanto em Espanha após a Reconquista e qualquer tentativa em restaurar o caráter islâmico destes esbarra em comunidades cristãs que as utilizam como templos católicos há mais de quinhentos anos, além da ausência de comunidades muçulmanas expressivas para manter como mesquitas tais edificações históricas.
Como católico vejo a História também como uma longa e penosa descrição dos crimes cometidos em nome de Deus -- quer por islâmicos; quer por cristãos. Torço e rezo para que essa terrível e bela aventura humana que cerca o poderoso nome da Basílica da Santa Sabedoria de Deus não derrame mais sangue.
É isso.
Abraços, RicardoC.
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