MULHER
Repouso na ternura dos teus braços,
Mulher
E tudo em ti é púrpura
Longínquo
Amor, dor, poente ou nascente
Luz sem fim
Luz de ti.
Repouso na colina
Dos teus seios
Que me lembram minha Mãe,
Ó mulher que inflamas e esqueces qualquer dor!
Repouso todas as lembranças em teu ventre de açucenas brancas
És minha Virgem Santíssima,
Mas perdoai-me Senhor, és a minha Mulher digníssima
A mãe, a amiga, a amante, a companheira
A chama acesa
A canção mais triste
O meu maior tormento
Meu alento…
Ai Mulher
Meu cansaço não é teu repouso!
Teu repouso pertence a um reino mais distante.
Pertence à essência maior que de teu ventre brota
E eu não sei
Nem entendo.
Pertence aos montes e às planícies quando lhes sorris
E aos pardais que saltitando vão labutando em teu redor
Meu amor.
Teu segredo.
Teu repouso
Mulher
Pertence às eras mais distantes…
Às Tágides
E às sereias
Que só Camões
Sabia evocar!
…Ao piano e aos acordes de guitarra entre a tua dolorida voz
Quando eu te permitia com orgulho cantar
Para toda a gente
Meu amor.
Hoje, mais livre que eu
És tu quem repousas no meu ombro quando regressas a casa
Tão exausta, tão só
Quase finda de ti
Ainda assim sorridente
Ainda assim cantando, com as lágrimas escorrendo
Pelo teu rosto de marfim
Adormecendo nossos filhos
Mulher.
És o meu,
O nosso alicerce, bem firme
A coluna de mármore rosado entre
Todos os temporais.
E, o meu repouso já não é o teu repouso,
Mas ainda é a ternura dos teus braços
Que me elevam ao êxtase maior da sensualidade
De um cântico de sereia.
Ai mulher!
Fosse eu escultor dos tempos, de todo alento ou desalento
E tu serias minha única contemplação
Além da Via Láctea
Consagração plena, pura, divina
Para toda a Eternidade
Tão pura, tão púrpura de ti!
Mulher Amada!
© Célia Moura
© Célia Moura