Nasci na junção de muitas ruas so no meio de tantos.
Amado por aqueles que era suposto e mais ainda.
Fui descobrindo a lingua que falava e a terra que pisava. E elas eram boas.
À minha volta todos corriam enquanto apregoavam as vantagens do seu destino. Os fossos cavaram-se por si só. E dei por mim agarrado a algo que nada valia. Sem ninguém capaz de contestar a minha escolha e sem melhor para fazer, dei por mim a matar-me aos poucos.
A minha terra bebia o meu sangue e as lágrimas choradas para mim eram bálsamo para alguns.
Fizeram-me um altarzinho e todos os dias vinham almas amigas pôr lenha na fogueira.
Dei por mim a rebolar na terra com a boca cheia de lindas palavras mas o coração negro como a noite e a alma amarga como o fel.
Rastejei até á praia e bebi água salgada. O Mar continua a chamar mais alto que a terra e eu queria partir para sempre.
A amada Pátria lá atrás e a bandeira na mala de viagem. Para quem quiser ver. Escondida.
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.