Sem ti, nas minhas noites, o negro envolve-me o ser, a insónia torna-se a besta que me enloquece a mente, o frio o manto retalhado que letargará a vontade, o sono que foge, o algoz de meus sonhos de amante.
Sem ti, nestes meus dias pardos sem sol, sou flor que murcha ávida de vida, sem água que a fortaleça.
Sem ti, sou um solitário errante em jardim sem cor, devorando léguas e léguas de esquecimento tão oportunista e taciturno.
Sem ti, nas tardes amenas, sou o homem vencido pela dor, sofrendo de edaísmo precoce, esperando a morte que não vem.
Sem ti, que me importa o mar azul sem fim, ou céu infinito, se sou um pobre cego sem guia, sem tactear mais o desconhecido?
Sem ti, que manhãs me restam senão auroras finadas pelo sol que me queima a tez e a alma, mas não me aquece os sentidos?
Sem ti, sou ninguém, o nada do tudo em redor, poeta louco sem musa para sonhar e amar, incapaz de murmurar teu nome.