”... Mas rogo, não se abatas se a vês exaurida,
a vida se foi e todos os ledos momentos...”
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- Balada das palavras do homem morto-
Jamais te esqueças de que foste a divindade,
e meu peito ora enxague era o teu santuário.
Quando das nossas vidas alguma felicidade,
às vezes, aguda sirene bruta de acre fadário
roubava as cores, rompia o elo harmonioso,
eras a paleta das mais doces cores amenas,
que nos libertava do cativeiro desastroso
servindo um copo de venturas tão plenas.
Ora vejo a magia de outrora inacessível,
esquecida no final do arco-íris embaçado,
logo as asas negras de um anjo intangível
encontra-me-ão sobre a mesa debruçado.
Apontando as nuvens no final do caminho,
vai me levar para longe, além da ventura;
por ti que queimou o peito em torvelinho,
mas o limite deste amor será a sepultura.
Ouças as palavras de um homem morto;
ainda trago uma aliança nas mãos frias,
esta é a voz do sofrimento todo absorto,
pode soar como temível som de profecias.
Mas rogo, não te abatas se a vês exaurida,
a vida se foi e todos os ledos momentos,
hoje a incorruptibilidade da luz foi vencida
pela eterna vigília dos tantos sofrimentos.
Talvez em teu julgamento sejas implacável,
mas ouças as palavras no caminho da herdade,
talvez o castigo seja por este ato abominável,
jamais transcender... nem atingir a imortalidade.
05032016
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."
Poema classificado em 1º lugar em evento do site Casa dos Poetas e da Poesia, em 04.05.2013