Eu não sou o tipo de pessoa que fica "pisando em ovos". Eu não estou nem aí para o seu conceito de certo ou errado, ordem ou desordem, importante ou banal... Para mim, você não sabe de nada! Só o que te sobrou do que veio de fora. Mas por dentro, o que é que você oferece a partir daí? Ovos, talvez... Algo quebrantável, cascas, vida... Você oferece a própria vida ao tempo, ao existir, a troco de quê, mesmo? Ovos, talvez, algo insustentável! Útil, quem sabe bom, às vezes, mas pouco, sozinho. Já eu... Eu sobrevoo as cascas, orbito a dúvida, não creio em lógicas só porque fazem sentido, eu quebro a cara... Aprendo o mundo como quem examina universalidades, eu não busco agradar quem quer que seja, eu sou o seja, o resto é o faça-se e, no centro, há a terra, a extensão viva de sonhares, o planeta rodopiando os seres, deixando-os confusos, trocando os olhares, tentando entender... E eu ali, assistindo tudo e aprendendo a viver-me mais que pensar-me, no bem. Eu sou o tipo de pessoa que gosta de pisar o pé no chão, sabendo que está voando no meio do espaço... Afinal, na esfera existencial, todo ponto é um centro, inclusive o ovo pode ser o centro do universo, mas esse papo não é novo. Importante é você saber: tudo se vive interiormente, então repense (com poesia) as paisagens que te habitam o ser. Te sobrevoo o ter. Choque teus ovos. Cheque teu ver. Eu piso firme... Feito a luz do amanhecer.
Ronan Cardoso