Não sei viver diferente
nesta cidade cinzenta
de estupidez e gasolina.
Respirando anidrido carbônico
serei andarilho eterno,
pernas curtas
entre mentes apagadas,
entrementes reminiscências
das avenidas longas
ficam retilíneas se regadas aos vapores
de mais uma garrafa de vinho.
Sob marquises e viadutos,
vejo as plenas verdades
escondidas sob o corte esmerado
do terno Armani sobre a camisa lilás,
suada até o colarinho neste inicio de outono,
nas tabernas da alma,
celebrando com festa
o réquiem de mais um funeral.
No mais, a vida é festa.
Resgatando a nevoa do tabaco,
resistente teia tece a aranha,
na vida recheada de sacanagens
de meninas ajoelhadas
sem culpa soprando trombetas
puxadas pelas tranças
deixando livres as rédeas
sem problemas cavalgando arrojadas
no lombo de um cavalo baio.