Escutas atenta as minhas palavras
lês nos meus gestos o que sinto
e silenciosa transmites a tua alma
e sinto nos teus olhos o teu coração.
Bebes mais um trago de chá
não me querendo interromper
como se lesse um livro
ávida do final saberes
Chega o momento de me calar
estou cansado de me ouvir
ecoando nos ouvidos
tudo o que transmiti
esperando agora
pelo que queres dizer
Ficas muda, quieta,
fitando os meus olhos,
escondendo-te na penumbra
receosa, talvez, de seres lida
A luz é a nossa companheira,
testemunha desse diálogo de palavras
sonantes, de pausas nos discursos
e até o chá me parece estar gelado
ainda que o continues a beber
Lentamente te levantas,
escondendo o rosto de mim
e repentinamente te voltas
me fixas intensamente
e abres-me os braços
Abraço-te, docemente,
e no teu contínuo silêncio
ouço as palavras que te disse
perfumadas pelo teu cabelo
coloridas pelos teus olhos
e saborosamente bebidas nos lábios
que o chá molhou, com sabor a morango.
Fiquei a saber!
O silêncio grita mais o que se sente
o abraço explica melhor o que se diz.
Basta estar atento aos sinais
sentindo no peito do outro
o que bate forte dentro do nosso
Delfim Peixoto © ®