Ainda marca a marca que marcou o meu destino
Ainda dói a dor doída por quem a fez doer
Ainda grita o grito que gritei gritantemente
Ainda de pé estou, levantado, cansado, mas firme
Ainda luto a luta que lutei
Ainda me sinto guerreiro dessa guerra
Que nunca quis e não semeei
Como fiz às sementes que deitei à terra
Ainda vejo da multidão as cores e o silêncio
Que vivamente me calou
Num dia de clamor intenso
Num cais que me abrigou
Ainda a mente não descansou
Desse corpo cansado de tanto limbo
Ainda o bando não voou
Ainda está dormindo
Delfim Peixoto © ®