Mãe
Logo novo oprimido fiquei
Agrilhoado às amarras da vida
Entontecido então me mostrei
E diante de tanto sofrer
Não tive tempo sequer
De preparar uma guarida
Dei por mim amarfanhado
Num mundo inapreciado
Perdi-me no emaranhado
Do entrelaçar dos caminhos
Voltei – me prós amigos
Fortalecido nos sentidos
Mas lá bem no coração
Algo não fazia zunido
Tudo estava desprovido
Nada mexia comigo
Faltava-me a sensação
O conchego do abrigo
Alento do meu parente
Era bom era diferente
Confortava a emoção
Não calava a comoção
Tentava ser valente
Mas doía ver em frente
Chorava então no recanto
Já adulto envergonhado
Vertia as minhas lágrimas
Pra dentro do meu canto
De manhã quando acordava
Tudo ainda me revoltava
Afinal era verdade
Já nada me sossegava
Tudo me martirizava
Minha mãe tinha partido
Deixando-me com fealdade
Mas com muita saudade
Mas nem a morte te afastou de mim
JP