ouve
não te ponderem
os desvios das frequências
que te troquem os sentidos
nem sejam ausências
e muito menos peças
os devaneios
que como traquitanas
se espalhem no ar
transparentes
veículos de anseios
e outros meios
que arranquem das cinzas os olhares
e te ditem vagas de sinais
carregados de morais
inventadas
nas pressuposições de deveres
e obrigações de teres
e haveres
que provavelmente e objectivamente
não passam de crenças destituídas
de justificações
não ouças
pensa
e sim
assim
não passas por seres e aconteceres
o que os outros seres
com os seus quereres
divinos e mundanos
te obriguem a não seres
tu
só tu
mesmo que sejas profano
mesmo que na essência
sejas só
nu
e integralmente
humano