Apetece-me falar-te, nesta noite onde me rodeia os sons da vida e os olhos arregalados da morte mesmo ali ao lado, me tocam ao de leve… Hoje apetece-me escrever-te palavras saídas de uma mente inquieta e saudosa, palavras que dedilham os dedos numa melodia esporádica de sons metálicos saídos do teclado envelhecido pelo tempo.
Sinto–me calma, mas a trespassar esboços de ti, meu amor. Gostava de saber falar-te da vida, dessa que quereria ter a teu lado, mas as palavras fogem-me dos dedos em gestos de desalento. Assim só te penso nesta média luz que me envolve sonâmbula.
O ressonar dos sonhos envolvem-me numa confluência de imagens, a desabrida mente eriça-se em demanda do tempo em que um dia me fiz tua e saboreei a calidez da tua boca húmida…
Conto os segundos que cada vez mais me afastam de ti, sem eu poder prender- te nas minhas mãos desalentadas...
Hoje falo-te nem sei bem de quê, nem porquê… só sei que apetece-me falar-te da loucura do meu olhar fechado, da tremura da minha boca cerrada e da tristeza dos meus dedos em não te moldar caricias... perdidos no corpo teu.
Este tempo, temporal de afastamento que cai sobre nós, sem ao menos me abrigar do desejo de te querer, rompe a madrugada em pedacinhos de luz soltos do meu peito, em mais uns rabiscos que se soltam no dia que há-de chegar, sem saber se tu os conseguirás ler.
Rascunhos soltos que se escrevem no papel, ao sabor da brisa que sai em lufadas do pensamento embriagados de ti.
Quero-te neste momento que se abate em mim, sem sequer saber de ti, talvez estejas a dormir deitado nos meus sonhos feitos para ti, sem mim
E sinto-me só