Enquanto as cores esmorecidas do fim do dia
se vão diluindo no negro da noite,
eu, sentado na cadeira das memórias,
sob o alpendre da vida,
vou deixando o meu pensamento vaguear
pelos corredores da imaginação!
Absorvo a luz daquele sol cintilante
que me entra pelo peito,
como um sonho, antes sonhado,
e, invento mares de águas cálidas e serenas,
o pôr-do-sol de cores únicas,
vestido de sedas vermelho/amareladas,
vejo a imagem cristalina do luar,
que me murmurava palavras quiméricas…
E sinto o perfume
das acácias vermelhas
que floriam nas primaveras
da minha juventude!
Como saindo de uma doce letargia,
aspiro profundamente o ar da minha ilusão,
cerro os olhos,
sorrio feliz na saudade mitigada,
e esqueço o mundo.
José Carlos Moutinho