Poemas : 

Natal de 92 numa trincheira em Sarajevo

 



Havia gotas de orvalho
desde o insurgente arrebol.
Mais um amanhecer naquela fronteira,
percebemos logo algo diferente:
- poderíamos contar com o sol
que alegre despontava sobre as montanhas,
já dourava os arbustos e a grama.
Munidos dos binóculos de campanha
atentos vigiávamos a trincheira;
o silêncio imperava sobre a cidade,
longínquo um só pássaro gorjeava na rama.
Ao mais tudo ao redor era silêncio sepulcral,
enquanto a guarda repassava as posições dos blindados;
parecia que todos dormiam na manhã vernal,
nenhum alarme soara despertando os soldados.

Como se não houvesse mais a guerra,
nem um só inimigo, nem a matança;
parecia haver naquela serena manhã.
Disseram terem ouvido choro de criança
alguns insurgentes durante parco café
- e talvez fosse mesmo
talvez imbuídos na fé
uma aura serena, algo celestial.
ouviram um choro naquela manhã do Natal.

 
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aziago
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