Poemas -> Crítica : 

Se souberes, amigo

 
Diz-me tu, meu amigo, se souberes,
a razão da ira deste vento norte
que me sopra em dias de acalmia,
se eu somente quero o sol,
nas tardes cinzentas de invernia.

Quando as noites chegam cansadas,
olho o céu e vejo o luar escondido,
assustam-me as marés desgovernadas
que parecem querer implicar comigo.

Se na verdade me disseres, amigo,
por que o tempo se revolta comigo,
talvez eu consiga viver em sintonia
e esquecer esta provocante ventania.

Se resposta não tiveres, meu amigo,
o que é natural, pois és igual a mim,
que não passo de um átomo perdido
nesta globalidade imensa e sem fim.

Então que venham marés e ventanias,
serei sempre o mesmo louco sonhador
voando pelos céus das prosas e poesias,
até que o viver deixe de ser uma dor.

Inventarei o sol nos dias escurecidos,
nos temporais rirei com as frias águas,
ousarei fazer dos dias entristecidos,
mar, que leve para longe minhas mágoas.

José Carlos Moutinho


 
Autor
zemoutinho
 
Texto
Data
Leituras
755
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.