Encontra-me a delicada
flor
onde as pétalas sedentas
antes do tempo seu fruto
amadurecer
mergulham na solidão do dia
colorindo a vestimenta
delicada dos teus jardins onde cada
perfume saboreia
desperta, respira e alimenta
Invento a suculenta noite
onde me abrigo
das melancolias sonolentas
reflectindo o degredo onde
visito todos os silêncios
apascentando meu poema
tão inquietante e complacente
A nossa comunhão transpira
lá nos céus confidente
enfeitando o berço
destas ilusões, sem contrapartidas
Fere todo o negrume do tempo
descontente
em procissões caladas de espanto
pulsando irreverentes
O desconhecido mora
em cada ser
bordando a claridade da nossa
existência
em finas partículas de luz
boiando na noite exposta
ao luar pertinente
Imagino-te repintando
todos os silêncios fitos
antes do tempo
em cada silhueta despertando
no instinto dos teus olhos
Asfixiar todo o ar
que respiras
debruando cada margem
do teu ser com melodias
peregrinas
vadiando na fúria mirabolante
dos ventos numa comunhão
de manhãs parindo a vida quase uníssuna
À janela da nossa existência
silenciamos as inquietações
Dimensionamos as tristezas
concebidas no luto implantado
nestes versos
qual mútuo acordo
disperso em poesia fluindo
pelos atalhos da vida
quase perdida entre os passos
ensurdecedores e dissimulados
da tua imensa delicadeza
FC