Crença
Esvai-se num sopro a vida
Vivida numa voragem
E tantas vezes sofrida
Nos caminhos de passagem,
Marcando na alma os traços
Feitos de indeléveis passos.
Há no trilho desse sopro,
Feito dum voo de instante,
As marcas fundas do escopro
Que refreia o ser ovante
No seu rumo militante.
O que resta do caminho
É uma sombra dolente,
Na crença de outro caminho
Que essa crença consente.
Constelação cintilante
Rutila na noite escura,
Batem as asas dum anjo,
Num adeus feito de instante,
E nesse som que perdura
Tal-qualmente o som dum banjo
Há acordes musicais,
Nos confins celestiais.
Juvenal Nunes