A OUTRA CARA DA MOEDA
A minha casinha fica no morro da vida real
Minha janela tem vista para o mundo
Vejo tudo o que se passa lá embaixo
Eles sabem que eu sei tudo
Mas ninguém quer saber o que eu acho
Minha casinha é feita de blocos de sonhos
Em cima do tempo, quando abro a porta
Já dou de cara com o vento
Fica na viela do descaso
Onde o improvável caminha desatento
Meninos correndo, no labirinto da infância
Dividindo entre si a falta de tudo
No olhar de esperança
O que o destino oferece
A desventura de ser uma pobre criança
Minha casinha foi erguida no cume da vida
Onde não tem esquina e a igualdade não vem
Só a realidade é quem se faz presente
No olhar de um povo
Que não tem a quem dizer o que sente.