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Fumos vermelhos

 
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Meninos de coiro pintam a Sé de vermelho.
Um cão de três pernas tenta a custo mijar nas fundações da fé e alguém pensa que deus tudo sabe.
O pastor passa alcoolizado e o rebanho mais feliz que nunca.
Um borrego distraidamente roça-se na tinta fresca.
A diferença acorda as massas e em breve o ensopado está feito.

Os troncos queimados por mãos cuidadosas aquecem os rastos de quem na vida é lesma.
Folhas brancas preenchem momentos vazios. Juntam-se palavras que se jogam ao vento na esperaça de orelha nenhuma.
O fogo arde indiferente e as cinzas cobrem as cãs de luto.
Os pássaros alheios ao posto cagam no ombro do ancião e os meninos vermelhos sorriem pela calada.

A parada move-se em elipse e tudo parece mais perto. Sentidos indivisiveis tornam-se claros a muitos e o véu rasga-se uma vez mais.
O borrego na cruz a todos perdoa e um sorriso beatífico assola as instituições.
Pagam-se os rituais com aquilo que cada um tem e a vida escorre melhor que nunca.


A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.

 
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Paulolx
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Enviado por Tópico
sir Arthur
Publicado: 25/02/2008 02:10  Atualizado: 25/02/2008 02:10
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Usuário desde: 16/01/2008
Localidade: São Paulo
Mensagens: 33
 Re: Fumos vermelhos
Seu poema demonstra grande imaginação e inteligência.Parabéns!!!elementos sem sentido,que unidos tem um sentido.Interessante...


Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 25/02/2008 21:58  Atualizado: 25/02/2008 21:58
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Usuário desde: 24/07/2007
Localidade: BRASIL
Mensagens: 6868
 Re: Fumos vermelhos
Olá Paulo! Fazer poema surreal com talento e criatividade é tarefa difícil. Aqui você demonstra uma total impassibilidade do objeto poético e isso me encantou. Viajar na maionese como se diz por aqui é saudável de vez em quando. ADOREI!!! Beijos, Ledalge.