Sonetos : 

Soneto do circo montado

 
Open in new window



Insensato e néscio que és, pedes calma, ignorando que há vocações!
Depois que as primeiras estrelas se cansaram de olhar a estrada,
perfurando a noite brotada c’o brilho de lanternas aos borbotões,
alguém são se atreverá a pedir ao sol que não espante a madrugada?

Pois é do real astro a vocação de nascer iluminando todo o planeta,
se marcando o tempo nos calendários, ditando mais uma primavera;
e desde o principio dos tempos cumpre solene a aptidão irrequieta.
- um sol desgarrado, o astro omitindo-se seria a mais negra quimera.

Não são dias e noites, os verões e invernos apenas um circo montado,
o sol não espera aplausos tantos, senão os que denotam a satisfação,
- o tempo vai voar sempre e o calendário vai seguir o curso esperado

Na diuturna faina de iluminar este vasto mundo sempre haverá algum,
o invejoso mendaz que frustrado na mediocridade vil ignora a lição:
- o sol nasce, morre todos os dias, brilha sem ter que ir a lugar nenhum.

 
Autor
ReflexoContrito
 
Texto
Data
Leituras
768
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
23 pontos
3
2
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
ReflexoContrito
Publicado: 04/02/2016 22:40  Atualizado: 06/02/2016 19:39
Muito Participativo
Usuário desde: 30/07/2014
Localidade:
Mensagens: 93
 Re: Soneto do circo montado - sobre um burro na boleia
Soneto do burro poeta na boleia



Terá lógica deixar toda vida se repetir em caquexia,
fastidiosa rotação num círculo vicioso, lugar comum?
Omitindo-se para contentar a grita da plebe arredia
quando há um mundo que se descortina para cada um?

Terá lógica a inversão da vocação natural do homem,
e alçar auriga ao burro incapaz de conduzir da boleia,
desgarrar-se da fruição, apagar chamas que consomem
apenas para ser normal e querer contentar a plateia?

Haveria ganhos em manter na sege um poeta atrelado,
colocando o burro montado, à sorrelfa e refestelado?
Como certo na fábula não se contenta todo povo assim.

Pois digo... que se um burro insistir um dia em ser poeta,
ao revés de belos versos encantando ‘te mesmo ao asceta
teriam vocês uma saraivada de couces e zurros sem fim.

Open in new window