QUANDO O SILÊNCIO ECOA
Se um dia eu gritar no deserto
Ou lançar as minhas dúvidas no vazio
Será que vou ter respostas
E o estrépito de minhas asas vão ecoar?
Não quero perder-me em dissertações inócuas
Tampouco corromper parte de mim
Em elucubrações sobre a inércia do inútil
A este subterfúgio não irei me atrelar
Que minha alma não se sinta constrangida
Tentando obliterar o que vivenciei
Sou arquétipo do inevitável ou do relativo
Sou arpão que fere o caule ou o totem
Tento dissecar as razões do tempo
Com frases frívolas ou improfícuas
Que o cinismo deste verbo seja causticante
Mas que traga palavras que me calem
Do outro lado do aço do espelho
Esconde-se um mundo encantado
Onde posso voejar no luzir
De um fogo que não queima apenas fere
É volátil o fonema que eu soletro
O meu erro é crasso é fino escracho
"Vosmecê" há de entender que sou um leigo
Perdoe o homem, antes que a causa o vitupere
Se eu quebrar o espelho perco o meu mundo
Se me ponho a gritar estilhaçarei cristais
Guardarei as dúvidas, aprisionarei o vazio
Um iconoclasta a ser domado, sou eu
Minhas asas são versos rimando com lágrimas
Sou estátua líquida apenas sangue e sal
O meu ego é só silencio enquanto flutuo
E o eco do meu signo em luz se converteu.