TEÚDA E MANTEÚDA
Sou mulher d'um homem só
Mas ele não é só meu...
Por ele, antes d'eu ser eu
Sou d'ele onde ele sem dó
Me tem como algo só seu.
E me tem e me mantém
Na casinhola da rua
Aonde em noite de lua
Lá da fazenda ele vem
Para me usar mulher sua.
Nos outros dias, sozinha
De absoluta solidão:
Basta eu chegar ao portão
Me vira a cara a vizinha
Que vigia p'ro patrão.
Todos me julgam perdida;
Ninguém me faz companhia.
E se saio durante o dia,
Pela alameda florida
Vou viver desalegria...
Tida e mantida por ele,
Vivo de esperar e ouvir
A aldrava à porta rugir:
Sua mão em minha pele
Me tocar sem eu sentir...
Betim - 02 02 2016
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.