CAMINHEIRO
Se de facto um pingo é letra,
Traço é já assinatura.
Quem sou se me afigura
Até onde a luz penetra
Adentro minh'alma escura.
Existo sem cogitar
Nem sequer o que seja isto.
Certo de nada que hei visto
Possa por fim confrontar
Co'as sombras que aqui registo:
Retenho um luar de marfim...
Memória que não vivi;
História longe d'aqui!
É vida fora de mim,
Que mesmo assim eu senti.
Eu me encontro pelo mundo,
Um dia d'esses, sozinho.
Quando conto o meu caminho
Junto do abismo profundo
Do qual sempre me avizinho.
Caminho aberto a meus passos,
O mundo se mostra o que é.
Sigo somente na fé
De que nos amplos espaços
Eu exista andando a pé.
Betim - 28 01 2016
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.