ENGANOSA
As aparências -- vejo enfim -- se enganam.
O contorno dos seios por sob a veste
Em vão atrai o olhar d’aquele ou d’este
Que, entre libidinosos e vis, flanam.
Assim, falsos sinais a tantos danam
Antes que a realidade lhes conteste.
A beleza da fêmea à luz celeste
Promessa é de prazer que aos sós irmanam.
Mas se se engana, por que mostrar tanto?
Se não, por que aproxima quem quer distante?
Engana a si e aos seus a pôr quebranto.
Quer-lhes o amor, mas sem querer-se amante.
E arrasta atrás de si com seu encanto
Toda aquela horda inútil por brilhante.
Belo Horizonte - 22 08 2013
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.