Cansam-me os juízos sem juízo
As fórmulas sem contraprova
As palavras de pó gastas
As ideias ansiosas de sucesso
Cansam-me as presenças de corpo
Sem alma que sinta e se emocione
Cansa-me o almejado direito
Passando despercebido o belo torto
Cansa-me a eterna máscara
Escondendo as feições
De que receiam mostrar
Alienações e desvios privados
Cansa-me o Homem fantoche da vida
Marioneta sem fios alienada
Vozes monocórdicas que não dizem nada
Cansa-me este cansaço
De me sentir cansado
Vislumbrando vultos vestidos
De tons e cores da moda
Cansa-me tudo agora
Menos a luz que me vela
Nos minutos e na hora
Em que preciso dela
Descanso desse cansaço
Voltando a esse corpo
Cansado de tudo onde habito
Em que tenho de me mudar
Canso-me de tudo
Menos daqueles que como eu
Se sentem cansados desse cansaço
Se erguem e me ajudam a levantar
Delfim Peixoto © ®