Vou deixar quieto
o meu silêncio
Contentar-me em alegrar a fachada
onde deposito plenas gargalhadas
embrulhadas no tempo perfeito
quando enfeito todas as calmarias
debruçadas na ténue luz da manhã
que respira escaldando minh’alma
escancarada
no páteo de tuas cantarias
- Esqueci-me das palavras
neste perfeito silêncio
Penetrei nas sombras da noite
atando-te ao gomo de luar
onde semeio uma grata aurora
forasteira
em ondas ébrias entardecendo
meus horizontes, vagando por ali
nas tuas trincheiras
- Afogámos nossas esperanças
num almanaque de palavras gentis
içando estes versos
num perfeito silêncio
convergindo num destino que pulsa
velando nossa existência infinita
manufacturada na fímbria da noite
que agora fenece tão explicita
- Observo o madrugar dos meus
sentimentos
velar-te imarcescível
enquanto partilho pelas veredas
do tempo
um solicito beijo correndo
apressado por ti
tão apetecível
- Parei do lado do tempo
plausível
entregando-me ao feliz
suspiro deste perfeito
silêncio
quase irreversível
- Deixei-te sem palavras…irrepetíveis
nem saudades intransponíveis
apenas o que restou
deste poema em fragmentos
proféticos abotoado ao degredo
que me deixou tentadoramente
por ti disponível
na eternidade implacável
de um silêncio sorrateiramente inaudível
FC