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Poema Último

 
Poema Último

Poemas d' amor eu fiz, aos milhares,
não eram mais que letras de rancor.
Maldisse sempre toda a vida e morte,
Desacreditei poetas titulares.
Desperdicei juventudes em flor,
Desafiei Deus e diabo, sem sorte...

Maltratei amantes, em desespero,
Lutei em guerras injustas e viris,
Fiz revoltas sociais d' utopia.
Gastei em sexo de mulher vazia
linfa fértil; roubei e sequei barris,
fui herói d' estaleca e d' esmero.

Hoje, velho, pela dor alquebrado,
resta a solidão personificada.
Tudo tive, tudo perdi, mau grado
honras fúteis, vaidade desbocada.

Altares, estátuas, jazigos ruí!
Ide anjos celestes e rubros demos!
à barcaça fatal tirai os remos!
Meu ser, minhas paixões vãs, destruí!



Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Autor
Poeta.sem.Alma
 
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