Poemas d' amor eu fiz, aos milhares, não eram mais que letras de rancor. Maldisse sempre toda a vida e morte, Desacreditei poetas titulares. Desperdicei juventudes em flor, Desafiei Deus e diabo, sem sorte...
Maltratei amantes, em desespero, Lutei em guerras injustas e viris, Fiz revoltas sociais d' utopia. Gastei em sexo de mulher vazia linfa fértil; roubei e sequei barris, fui herói d' estaleca e d' esmero.
Hoje, velho, pela dor alquebrado, resta a solidão personificada. Tudo tive, tudo perdi, mau grado honras fúteis, vaidade desbocada.
Altares, estátuas, jazigos ruí! Ide anjos celestes e rubros demos! à barcaça fatal tirai os remos! Meu ser, minhas paixões vãs, destruí!