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Não quem sou

 
Não sei quem sou,
por vezes penso-me nuvem que passa,
outras, acho-me brisa de afagos
e até o sol, eu me penso ser…
Podem acreditar no que vos digo,
tive noites que me achei luar sereno,
mas também já fui mar intempestivo...
Houve momentos da minha existência
em que fui onda a beijar a areia dourada
e outras tantas, despertei -me
do sonho que me fazia essência…
Dirão que sou louco,
então que o digam, se vos agradar
pois se eu próprio assim me considero…
E considero-me louco por não me entender,
nem compreender os que se acham normais…
E se discordam com o que eu vos transmito,
tomem atenção então:
Qual a razão, para que não gostem da minha onda,
será por que o meu mar não sorri?
(desconhecem, coitados)
Não sabem que eu sorrio com a maresia da alma…
Ou será por que eu não bajulo os luares
nem me ajoelho em mendicidade de favores estelares
nem imploro amizade da brisa
por que a entendo como coisa natural e espontânea
e não como um favor hipócrita interessado em carícias?
Assim vos digo, a todos que me lêem…
Que não sei quem sou,
nem em que mundo vivo
mas sei, podem crer,
que serei sempre o oposto
ao que possam pretender que eu seja!

Por tudo isto, eu, que não sei quem sou,
sou certamente, nuvem, brisa, sol, luar, mar, onda, areia
serei afinal tudo o que eu desejar,
mas jamais serei a vontade dos outros.

José Carlos Moutinho


 
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zemoutinho
 
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