VAGA LEMBRANÇA
Lembro-me muito mal de quando criança
E tudo me parece em névoa envolto,
Como se a infância fosse um fio solto
Que no vento, perdido e baldo, dança.
Era um menino triste na esperança
De conter seu cabelo tão revolto
Em redemoinho e em ondas que ora volto
A ver em mim alguma semelhança.
Todavia, quem fora eu já não sou
E d'aquele menino o que restou
É a vaga lembrança que disponho.
Porque hoje d'ele pouco sei, senão
Que sempre ensimesmado e em solidão
Ia imerso na luz de cada sonho.
Betim - 19 01 2016
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.