Despeço-me dos afectos que
se enrolam no tempo
turvando o olhar que divaga
em ondas insufladas de esperança
chicoteadas com tanta fragilidade
Contento-me em atar
os meus destinos
ao final de uma eternidade
que nos acena no indigente
dia que morre quase felino
Aceito cada gomo de solidão
como quem destranca todas as portas
deixadas entreabertas no limiar
genuíno de cada beijo trajado no anonimato
de todos os ecos costurados em sofreguidão
Na elegia deste adeus
me afasto na escuridão
ou na meiguice do teu perfil
onde apréguo mais que os silêncios
a tua essência matreira
prenhe de emoções quotidianas
moldando-nos a todas as
homenagens validadas no tempo
que urge tácito
neste Outono perene e tão pálido
Vou deixar por instantes
que adormeças todos os meus céus
algemando a luz como troféu
pousar em todas as minhas luas
amadurecer todas as minhas ternuras
como a fé que se propaga marginal
entre a baínha de tempo
e as paisagens que afloram nos ventos
e rituais de eterna formosura
Vou ficar quieto
até sossegar a alma que se
gera em cada excêntrica hora
de aventura
Vou confiar na imaginação que
cruza cada inolvidável dimensão
do tempo
Alimentar-me de cada átomo
quântico que decifra meu
vocabulário dançarino
orbitando na magnitude de um
beijo matutino
onde em acordes de amor
deixo que todo este
cosmos longínquo me transforme
num poema afagado em clamor
derradeiro…infinito
FC