Amassei aquele papel branco
onde escrevi versos de amor,
abri meu coração ao pranto
deixei fugir toda a minha dor.
Não creio no teu arrependimento,
nem adianta tu chorares saudade,
há em ti um profundo fingimento,
teu sentir tem a frieza da maldade.
Na mão tenho a minha vida chorada
dentro do papel branco amarrotado,
dizias sempre que estavas apaixonada
oh… tristeza, como eu fui enganado.
É imensa e profunda a minha indignação
perante a falsidade deste mundo louco,
deixei a paixão nascer no meu coração
e o que recebi de ti, foi afinal, tão pouco.
Abri a mão para soltar o papel enrugado
e rever tudo o que eu te tinha escrito,
pensei calmamente, é um caso arrumado,
podes chorar, que em ti não mais acredito.
José Carlos Moutinho