DIA DE FINADOS - ano passado um dia depois da cirurgia do dedo acidentado. Meu amado filho veio trazer uma coroa de flores que a mãe mandou para colocar no tumulo da grande Patriarca. Minha cunhada fez a faxina cotidiana, Seu Pietro enrola a mangueira que enchia os toneis, baldes e bacias no quintal. O Príncipe Mincckin é surpreendente e emocionante,lembrava-me vagamente da General Eptchiná, muito autoritária - um sol escaldante que todos reclama do calor nas primeiras horas da manhã. Tia Flor ao celular conversando com seus parentes na longínqua São Bento - do vizinho mais abaixo vem a musica dos violeiros repentistas do sertão. As meninas quietas. Clara impaciente coça a cabeça, a catapora voltou a afligi-la. Adrielle, a menor sentadinha candidamente na cadeira de macarrão vendo o desenho animado Peppa. Espero encontrar no Poeme-se "Recordações da Casa dos Mortos" ou outra obra do mestre, se não encontra-lo trarei "David Copperfiel ou Novelas Russas. Na praça, o clima estava tenso, um pequeno desentendimento corriqueiro entre Bica e Seu Gleyson, o pirado - que discutiam por besteira ameaçando uns ao outro. Mas Bica consciencioso bateu em retirada para não precipitar-se. Uma boa noticia, Jack passou num vestibular e vai cursar psicologia no Pitágoras com 100 % de bolsa. Devolveu-me os livros e levou "Crime e Castigo" e "Pé na estrada". Embarafustei-me entre Petersburgo e Combray, lugar fictício que o mestre Proust criou para vivenciar as suas aventuras. Um pouco de Miller para saracotear os mais recônditas emoções que a fina flor literária me apraz. Ai de mim sem eles, pois uma pessoa como eu que não dispõem de bens materiais, apenas a literatura anima a minha alma. Como fiquei feliz, depois de tantos meses sem ir ao grande templo, voltei e reencontrei com o meu grande mestre amado e um livro que há muito ansiava. Aquela manhã de sexta-feira foi um balsamo para a minha existência, um novo sol brilhou para mim - é como se eu voltasse a viver. Tudo anda muito bem, uma pequena encomenda, um portão para fazer depois de um longo período inativo, olhando para o tempo imaginando-me perdido nos meus próprios labirintos enigmáticos. E a promessa de outros e rogo a Deus que me dê saúde para que eu possa fazer as minhas obrigações profissionais - mesmo carregando uma cruz que ainda me pesa nos meus sentimentos. O affaire Deline é uma ferida incurável no meu âmago. Os meus livros os meus tesouros que enchem-me de prazer. A Casa Bamba cheia como nos romances do mestre. Minha cunhada comandando tudo com rédeas curtas, as netas postiças, de seus filhos entre eles Seu Pietro, que querendo ou não, a força entrou para o seio da família Bamba. Danielzinho e a companheira. As danadinhas brincando e bagunçando no terraço. Minha cunhada acendendo velas para os entes-querido no fundo do quintal; "Eh! Larissa bota o comer para esquentar" - grita para a filha adotiva que não quer arredar os pés do computador. Alguém dar descarga no banheiro: "Eh! Noca tu vai lá comigo?" pergunta para a parceira. A escuridão invade o quarto.
O CEU NUBLADO prenuncio que o inverno aproxima-se e com ele o meu terrível pesadelo, o medo da laje desabar e etc. Mudei de roupa, vesti a velha, suja e dura bermuda jeans e a camisa listrada que Seu Pietro deu-me. Coloquei a grade no calçada. Uma tose chata. A vista boa perdendo a nitidez, ficando opaco. O ferros cortados, o carro de mão de Punanã quase soldado, Seu Cardozo disse-me que amanhã dará o dinheiro para comprar os ferros do portão dele. o ajudante de seu Chico Pedreiro cava os buracos das colunas rente ao muro do quintal. Um sol tímido - o canto peculiar dos bem-te-vis. As irmãs carregando uma grade de cerveja seca para entregar no Lourival.. O tempo nublou e pouquito frio - assim foi o dia todo - como de praxe dormir e sonhei com Senhor Sri Krisna, a Verdade Suprema - muito preocupado e triste. Faltou energia elétrica, um acidente,um poste caiu em frente ao colégio na avenida.