QUATORZE DE JANEIRO
Muitas vezes me perguntei sobre a validade das mudanças radicais de vida.
Sim, mudar de emprego, de cidade, de mulher, de estilo e/ou padrão de vida...
Enfim, reavaliar as escolhas que fiz e me trouxeram até aqui.
Confesso que, por hesitação ou comodismo, mais de uma vez eu me neguei a dar vazão a esse tipo de impulso.
Considerava inútil trocar uma infelicidade por outra,
certo de que qualquer que fosse o caminho a ser seguido,
não haveria diferença além da paisagem... Sempre reclamaria as mesmas coisas,
mas, agora, de situações e pessoas diferentes.
Aí vem um ano novo e o espírito se abre para desejo de novidades.
Amores, aventuras, viagens, aprendizados, realizações e, finalmente, novas escolhas.
Eu percebo não querer ser o mesmo indefinidamente.
Percebo que vale a pena continuar descobrindo as contradições da vida
com projetos viáveis ou não.
Aonde quero chegar com isso? Provavelmente ao mesmo lugar onde agora estou.
Mas com a memória cheia de lugares e pessoas.
Com histórias para contar e para calar.
Pode não fazer muito sentido correr em círculos.
Penso que, na falta de um grande e nobre objetivo para ocupar a vida,
resta-me a mim fazer as mesma coisas que já fiz, mas d'um jeito novo.
E, assim, sem mudar tudo, eu mude o que realmente importa: a mim mesmo.
Betim - 2016
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.