Sem o calço para calçar os pés-descalço,
sinto o ardor do fogo queimando a soleira
que calça nossa vida: pendular, em falso
movimento; agonia bulida, sorrateira.
Os sapatos apertam nosso existir, percalço
amargo, forjado na trágica fogueira,
não servem na forma disforme, vil, encalço
trivial da peleja mundana,cegueira.
Os Calços Sagrados surgem magistralmente
com uma força inexpugnável, sã, vigorosa;
protegem todos os pés vivos, gentilmente.
As flores perfumam nossos sonhos: infindo,
combustível viril, essência rigorosa
da felicidade, mesmo sem calço, lindo.
MAIS UM SONETO ALEXANDRINO