DIA DA ELEIÇÃO DO SEGUNDO TURNO para presidente. A mesa lastreada de sacolas com as compras que a minha incansável cunhada fez a credito no mercado. Uma bonita manhã, um sol generoso - mano Biné emprestou-me ou melhor deu-me quatro reais para mim pagar as passagens para votar no centro. O odor gostoso do desodorante de Dudu comprou ontem ainda impregna na minha narina. Larissinha continua sofrendo com a catapora. Tia Flor preenche um formulário eleitoral, O barulho das vozes das minhas cunhas azafamadas na cozinha e as meninas chegaram. A casa cheia - Tia Flor, as meninas, Danielzinho família - Larissinha oculta-se no quarto de isolamento, o meu fede a merda seca de gato. Seu Pietro namora no terraço, de vez enquanto trazido pelo vento um fedorzinho enjoado. As princesinhas almoçam na sala. Daniel levou-nos para votar no centro. Minha cunhada num colégio na Madre Deus e eu na Prefeitura quase não havia ninguém, fora os mesários e um fiscal. Foi bem agradável dar um passeio pelo centro deserto. Passamos em frente ao velho Mercado Grande onde todos os dias íamos buscar as sacolas de compras que mamãe fazia e deixava na banca de uma bananeira. Aos sábados o mingau de milho na banca de Seu Raimundão.. Ainda pouco sai para comprar cigarros para minha cunhada. Na Praça do Bacurizeiro, a rapaziada Alan, Jamanta e Fabinho sentados num engradados e Mano Brown no banco de pernas cruzadas e de boné ao lado de Baixinho, um personagem caricato que parece um desenho animado. estavam animados e bebiam uma garrafa de cachaça. Ficaram efusivos quando me viram aproximar-se cautelosamente - Olha poeta, o homem da França - murmurou Alan Black, que há vinte dias não vai em casa, dormindo na praça em companhia de Jamanta. Todos me cumprimentaram enquanto eu apertava as mãos de cada um, depois fiquei em pé ao lado de Mano Brown, o pintor, o artista e mestre da serigrafia. Conversamos sobre os últimos acontecimentos, uma briga passional entre os amantes Ademir e a louca da Sena. Ambos dormiram na carroceria do caminhão que estava estacionado perto da barricudeira, que por pouco não acaba em um homicídio. Sena é problemática e num rompante começou a insultar o seu amado companheiro com palavras ofensivas que feriram profundamente Ademir. "Tu é um pau no cu". “Corno. Não vai mais fuder com tu. Tou dando pra outro. Tu não come mais a minha buceta” - ele se enfureceu, sacou uma faca de cabo branco e arremeteu contra ela que se escondeu por trás de Cachorrão e Fabinho que por pouco não foi atingido. Vendo o filem "Grande Gatsby" - lembrando os últimos dias do grande escritor Fitzgerald sofrendo, humilhado em Hollywood querendo emplacar um bom roteiro, segundo Niven morreu rejeitado e tuberculoso.
PERDI A MINHA PRECIOSA e útil ferramenta numero um de trabalho, companheira imprescindível - a vossa excelência a talhadeira. A vista cada vez piora, Seu Carlos o borracheiro de volta ao batente. Meu vizinho Costa o barbeiro saiu, Samuca o pedreiro esqueceu o cartão de visita em casa. Dilma relegeu-se para o segundo mandato. Eu aqui na oficina suja e empoeirada, sentado esperando alguma coisa que nunca acontece. O carroceiro de boné vermelho sentado no varal da carroça no outro lado da avenida. A sombra no meio da rua, um ônibus semi-vazio vindo do centro Marcelo,, pretinho filho do carreiro maneta Marujo puxa a jumentinha que fugiu, senta no batente da porta e conta as suas aventuras. Um senhor baixo careca de óculos, marujo aposentado de longo curso e sua rotunda senhora que sofre de problemas mentais - Alexandrina, a pixixitinha irmã de Seu Valter vendendo seus jornais. A ma~e de Diogo, o clown - três moleques entoando uma toada de capoeira. Uma bichinha nova com seus trejeitos afetados passando com a mão na cabeça. As intrincadas tramas balzaquianas as perfeitas descrições - um universo particular , par isso é que existe a literatura.
- Seu Raimundo! - Grita o meu vizinho Seu Biné.
A irmã do meu parceiro de copo Mano Brown todo tempo enfezada. Um maluco de óculos escuros e boné com a mão no bolso, talvez chilado, achando-se o máximo, tirando uma onda. - Eh! Seu Zé Puro! - cumprimenta-me Nazário, o empreiteiro. Uma triste noticia, até o momento a biblioteca itinerante ainda não chegou e talvez nem venha mais, os meninos se olvidaram e marcaram para hoje, feriado administrativo - Dia do Funcionário Publico .
- Boto isso pra Chambinha? _ Perguntou ironicamente Antenor peal terceira vez para azucrinar a sogra que responde zangada. Comecei a digitar este caderno. As meninas brincam no sofá. A presidenta reeleita dar uma entrevista ao vivo no Jornal Nacional.
- Antenor tu nem fecha a bicha de farinha! - esbraveja minha cunhada arreliada na beira da pia - Não vou deixar tudo sujo no fogão - Com a convalescença de Larissa, ela que esta lavando as louças sujas.. Quebrei minha reclusão e fui ter com os papudinhos - estavam satisfeito, todos sentados a sombra dos poucos galhos restante da Barricudeira degustando uma garrafa de cachaça. Jamanta dormindo no papelão. Alan Black ainda careta sentado de cara enfezada, Gato guerreiro piscando e fazendo bichinho, prova de que estava mais pra lá do que pra cá. Cantor calado, Dona Iraci dando bronca em Sena pelas suas controversas relação amorosa. Ainda na esperança da Biblioteca parecer, dei um tempo na lojinha de Sr. K, que como sempre contou-me as ultimas aventuras com duas putas perdidas que apareceram na lojinha. Uma magrinha e uma morena bonita de corpo que ou deixou louco e no final apalpou seu pênis