“Amo-te”.
Ainda hoje estou à procura do seu significado.
Não me recordo do seu sabor e do seu cheiro.
Será que alguma vez o senti?
Ou terá sido apenas uma ilusão?
Fui à procura dele dentro do carro, vi também no motor.
Explorei o sítio por onde costumávamos passar,
Limpei os móveis cobertos de pó,
porém, as partículas voltaram.
Voltam sempre.
Vasculhei por entre os papéis usados nas gavetas,
Mas nada encontrei.
Apenas memórias distantes que insistem em se manter longe,
Bem longe de mim.
Sabes, confesso.
Confesso que podia procurar melhor.
Não procurei debaixo da cama, muitas pessoas esquecem-se de procurar nestes recônditos sítios.
Não se dignam a este esforço, pensam que não vale a pena...
(Mas vale?)
Também não procurei por detrás da fotografia, emoldurada na parede da sala.
Nunca gostei dela, por motivos de egoísmo e de auto-estima.
Talvez seja por isso que nunca quis desvendar o que poderia encontrar por detrás dela.
Hoje ainda continuo à procura, a meio gás.
Penso que estou a perder a principal fonte.
O teu coração.
Perdi-o e não sei se consigo resgatá-lo.
Talvez a escrita me traga a epifania.