Abro a janela e respiro um ar qualquer que não me motiva, fecho os olhos e antes que me cheguem às narinas os cheiros do mar exalto a luz dos meus olhos sobre a cidade que se agita na minha frente, ocupo o espaço com os pedaços de vida que ainda te sobram.
Onde foste Portugal? Levei-te a sair por aí com o meu coração afinado e nem uma nota tocaste do teu verdadeiro fado. Qu'é de ti Portugal pequenino, país à beira mar plantado? Onde estão as tuas vozes? Fechadas na escumalha que se deita no teu chão? Onde estão os teus sentidos? Perdes-te? Onde? No chão que aos teus olhos piso sem saber uma direcção, um rumo. Um barco contra o cais, miséria a vir e a ir, balançando nos sonhos de quem sabe que não és tu isto, nunca io foste, indo e vindo como o mar que te banha aqui neste canto tão teu que não sei porque não o entendes se é o único que te pertence. Deixa-o vir sobre ti, cair em ti como se fosse por ele que esperasses. Deixa-o só porque estás trilhado pela solidão demasiado vaga dos dias. Oh Portugal, Portugal!
Saudade de um Portugal, aquele que ali longe ainda canta o fado pela voz lusitana, aquele que deixa ainda o cheiro a mar preencher as suas ruas, aquele portugal que guardo só nos meus olhos fixos no eco vagabundo de um céu que me pertence como me pertencem os passos sempre seguindo numa única direcção, a tua.
Saudade que marca a fé que ainda tenho pelo meu Portugal.
. façam de conta que eu não estive cá .