Textos : 

Vivendo & escrevendo - XXI

 
MANHÃ NA OFICINA mesmo sem poder trabalhar, venho quase todos os dias na esperança de fazer uma gambiarra e assim ganhar uns troco para as coisas mínimas. Aproveito para ler, nessa reclusão voluntaria comparo esse vento como um banho de sol. Assaltaram Seu Pietro e a namorada ontem a noite na Praça Deodoro. Imediatamente após o corrido ele e as outras vitimas foram ao Plantão Central na Avenida Beira Mara na antiga Estação de Trem da extinta Reffesa. Toda vez passo por ela lembro-me de uma viagem de trem qu fiz aos dezesseis anos para Pirapemas, passar alguns dias na casa do meu irmão Roberto. Levei comigo um exemplar de "As Aventuras de Sr. Piwick" do mestre Dickens. Os mesmos personagens de todas as manhãs aparecem no mesmo horário como naquele filme "O Dia da Marmota" quando o personagem acorda e vive o mesmo dia. Assim é o meu; O irmãozinho sentado na calçada em frente a barbearia de Seu costa esperando a lotação de um conhecido. Claybon, o pedreiro com o fone nos ouvidos, atravessa malandramente a avenida e vem conversar um pouco na esperança de uma carona para leva-lo ao trabalho. E assim continua, Samuca o pedreiro desempregado e Zé Caracas. Seu Cardoso indo para sua caminhada em volta da praça Sete Palmeira. Coloquei a minha foto nos sites das editoras Edilivre e Clube de Autores e refiz o meu perfil. Um senhora para qual trabalhei procurou-me para fazer um serviço, cortar um portão e adapta-la numa grade para janela. Não sei onde estava com a cabeça e acabei metendo os pés pela mãos e cobre uma quantia irrisória de quarenta reais, quando na realidade deveria ser no mínimo sessenta reais e agora sou obrigado a fazê-lo por este preço Santa bestidade. A cabeça continua vazia em relação e escrever alguma coisa, li um trecho de um livro "Retalhos da Vida" gostei da narrativa e como sempre fiquei chateado comigo mesmo em não escrever como desejo, quando sei que tenho a capacidade para tal, Estou no terraço, num final de tarde,Larissinha convalesce de sarampo. assistia uma filme interessante de Barton Fink, escritor de peças teatrais que é contratado por uma produtora de Hollywood para escrever um roteiro, mas quando chega tem um bloqueio mental, o produtor pede-lhe um enredo sobre luta romana. Conhece um escritor alcoólatra e sua bela secretaria e amante, pede uns conselhos a ela, Mas não acompanhei até o final, tive que mudar de canal para minha cunhada assisti a sua novela das seis que esta começando as cinco devido o horário de verão. tenho que escrever algo baseado na minha vida. Uma Kombi amarela do Correio para na porta , penso que é para mim, com uma ordem de pagamento dos meus direitos autorais do meu livro - O carteiro-motorista entrega a encomenda na vizinha ao lado. O vizinho surdo-mudo vem reclamar de seus inquilinos. Quebrada a minha reclusão, pois fui comprar pão na padaria da travessa São Feliz e na volta passei pela Praça do Bacurizeiro,onde Alan estendia uma camisa num galho, Jamanta e Ademir sentados no banco. Sr. K e a mãe fechavam a pequena boutique colocando as roupas para dentro junto com os manequins. No comercio de Jogador ou Paul Clive na avenida comprei cigarros para minha cunhada e encontrei com Junior, neto de Seu Eriberto, apanhei o livro de Allen e voltei para irmos até o seu apartamento no terceiro andar no prédio da Sapataria trindade em rente a Praça Sete Palmeira, pegamos uo livro "Lampião, o rei do cangaço" que pegou emprestado na biblioteca itinerante.

GRAÇAS A MINHA CUNHADA que emprestou-me dois reais fiz uma fezinha e apanhei a cartela dos comprimidos na Unidade Mista. terminei a leitura do livro sobre a vida do grande cangaceiro pernambucano Lampião ou Capitão Virgulino - cabra-macho. Assombrado com a beleza das primeiras pagina do primeiro romance do mestre Dostoievski escrito aos 25 anos - Gente Pobre - a cabeça vai às alturas quando leio seja qual dos seus maravilhosos romances, assim como os de Balzac releio "Esplendores e Misérias das Cortesãs", a continuação da vida de Luciano de Rubempre de volta a Paris como enteado de Jack Collin, o inteligente galé na pele do ambicioso Padre Herrera e a bela judia Ester.
NA OFICINA, na expectativa da espera. Cheguei antes das sete foras. O comercio de Seu Bastos e a barbearia de Seu Costa ainda estavam fechado. Na Praça, Troira ou Dr. Oswaldo chegava e estacionava sua moto na caçada do mercado. No banco da Praça, Seu Riba. Bira e outro rapaz sentados num banco, cumprimente-lhes e continuei a minha caminhada para cá. estou perdendo a memória progressivamente, há momentos que esqueço algum nome ou evento que quero lembrar - Gordinho filho de Seu Cardoso dono da venda mais embaixo foi o primeiro aparecer para sentar na banco na calçada esperando um colega que vinha busca-lo para fazerem um serviço na Vila Nova. Ele é eletricista de baixa tensão. Seu Lacerda, o aposentado e candidato não eleito par deputado estadual fazendo propaganda para Dilma. Uma sacola acossada pelo vento rola na sarjeta. Larissa amanheceu com o corpo sarapintado, nem ele e nem a mãe dormiram. A mesma passou a noite toda incomodada pelas coceiras que se alastraram Pobre Larissa, Corremos o risco de todos sermos contaminados. Ontem pela manhã, quando vinha da Unidade, me pesei na farmácia da Loura em frente ao Deposito Abreu, Segundo a balança digital estou com 60 kg. Nesse intervalo compareceu ao aeropago Wendel afilhado de Dona Van, a minha eterna Dulcineia del Toboso, esperava o retorno do meu vizinho e barbeiro Costa para aparar as madeixas. Claybon, o pedreiro não foi ao trabalho por sentir indisposto e afigura comunicativa do vendedor da SKI. Um rapaz me procurou para perguntar o preço de m porta disse-lhe e ficou de trazer o dinheiro. Minha cunhada e a pequena Adrielle ainda não chegaram da festa de aniversario da irrequieta Clarinha, filha do meu sobrinho Danilo. Larissa enfurnada no quarto as escura sofrendo de catapora. meu amado filho apareceu no meio da tarde, vinha de fazer uma compra no Antonio onde adquirira um desodorante Gillette. Eu assistia a um filme com Charles Bronson. Abraçamos-nos. O odor do desodorante dele que coloquei nas axilas. Preparei umas bistecas para o jantar. Um evento evangélico na Praça Sete Palmeira (Viva). Minha cunhada chegou, os cães ladram e balançam nervosamente e alegre os rabos. Trouxe bolos e refrigerante. "Luzes da Cidade'" um dos clássicos do genial Charles Chaplin e seu antológico personagem Carlitos. A velha polêmica, alguém usou o banheiro, fez suas necessidades e não deu descarga ou deu e entupiu o vaso sanitário, então minha cunhada acusou todo mundo fazendo aquele escarcéu de sempre,lamentando-se que não pode sair de casa que sempre acontece algumas coisa. Eu usei, dei duas descargas e depois coloquei um balde com agua. deixando-o limo - que usou depois de mim foi Seu Pietro, mas insisti em dizer que não foi ele, Eu também não vou acusa-lo, deixa a consciência dele. Sempre me emociono na cena final, uma poesia um fotograma. Quando eles se reencontram, ela enxergando e ele todo maltrapilho e esfarrapado recém-saído da prisão - ela lhe oferece uma flor e uma moeda e quando toca mão dele, descobre tudo, que era ele o seu benfeitor -"Você?" - pergunta a bela ex-deficiente visual - " Sim" responde envergonhado - uma bela cena que me emociona e faz verter lágrimas.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
Texto
Data
Leituras
750
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.