Excelentíssimo doutor
Nem imagina o quanto estou magoado
Porto na alma uma dor
Aquela de estar desempregado
Peço-lhe que me ajude a combater este ardor
Que ne consome a energia e deixa esgotado
Apesar de não ser o mesmo senhor
Hoje sou mais um animal abandonado
Por acaso não conhece um medicamento capaz de compor
Este vazio com o qual fui premiado
É que estou enjoado deste sabor
Onde somente oiço o meu fado
Naquele longo e estéril corredor
Corredor que vivo sistematicamente sentado
Não sou nada
Nem ninguém
Mas tento ser
Humildemente eu!!!