– E se eu
por ti me enamorasse
nunca me escusasse
O tempo nunca fosse
sequer um impasse
E todas as palavras
que falasse
nunca tu me recusasses
um abraço onde feliz
me escudasse
– E se eu
te cantasse de mansinho
mal a noite de ti
desesperadamente se enamorasse
dessiminando meus versos
convincentes
com palavras que nunca
te magoasse
deixando brotar todos
os silêncios
afagando a inquieta luz
que por ti inconformadamente
o tempo iluminasse
– E se eu
Nunca te deixasse
só num sorriso farsante
enamorar
embriagando-te com
véus da noite que
desperta generosa
e explicita
só pra teu quotidiano emocionar
revelando-te as eternidades
até o dia dedilhando
cada segundo de tempo
por fim nos encurralasse
– E se eu
te purificasse com a fecundidade
de todos os sentidos plenos
desarraigando cada sílaba
onde me rebelo
e estatelo feliz no seio
desta inspiração volátil
que sustento e velo
– E se eu
acalentasse teus sonhos
tatuando-te com melodias
entre matutinos segundos
que se atordoam
nas horas intocáveis…fugidias
esculpindo nossos verbos
madruga fora
até costurarmos pra sempre
todos os beijos castos
docemente aprisionados
na imensidão do tempo afoito
e tão vasto
– E se eu
repentinamente nos teus céus
me deitasse
e as nuvens deixassem
que teus aguaceiros de amor
me embebedasse
E provasse teus vendavais
desaguando em meus acordes
sustenidos numa clave de amor
onde musicamos a vida
com revelações imemoriais
– Vou, eu sei
deixar que o tempo por nós
nunca culminasse em
mais despedidas
Mas aprontasse somente a mesa
onde alimentamos a vida
descortinando cada amanhecer
que se esvai em calafrios
aglomerando todos os
abraços sepultados no átrio de cada
silêncio andarilho
deixado florir…sossegadamente
o alfabeto das paixões em delírio
assim…tão inexplicavelmente
FC – à Noemi, Ciro e Lucas…meus filhos