Sinto-me preso a uma estranha inquietação
que marca no silêncio um compasso lento e mortal,
horas frias a que chamo, cansaço e solidão,
herdadas dos Poetas deste chão de Portugal.
Espirais de assombro, tuneis negros
adentram repentinamente aos olhos meus
e palavras tocam no meu corpo como beijos
na procura incessante de um adeus.
Senhor que ser Poeta é meu cárcere,
meu chão, minha tábua, meu punhal,
meu prato de ansiedade nas mesas de Ninguém
servido de amargura, pó e cinza, dor e sal ...
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro