Meu amor, quando você me beijou pela última vez, tudo em mim se alertou, fiquei totalmente desperto, meu coração se acelerou de um jeito estranho, senti que alguma coisa estava errada. Mas como sempre acontecia quando você chegava, meu mundo se incendiava, era possuído por desejos tão ardentes, e tão meus, que queria tê-los mais, muito mais, tanto, que nada mais na vida importava naquela hora. Por isso quando fechava a porta do quarto, e via que você seria toda minha, e que eu seria todo seu, sabia que não haveria enganos, e que mesmo depois de tantos anos, eu tinha a certeza de que iria lembrar de tudo, tim tim por tim tim, dos beijos, do amor satisfeito, em fim, de tudo.
Tudo o que é bom, dizem, dura pouco. E não foi diferente o nosso caso. O sol que antes nos iluminava, agora não tem mais luz, é só escuridão e solidão.
Hoje Sou alguém de quem lembrarás para sempre, que guardarás num dos tantos cantos do seu coração, serei a aquela ponta de incerteza que te acompanhará por toda a vida, ate mesmo quando estiveres amando outra pessoa, principalmente nesta hora eu estarei presente, tão perto e tão dentro, que será impossível me esquecer.
Se por acaso me perguntar como estou hoje em dia, devo revelar que ainda estou sofrendo por sua causa. Mas não se preocupe, a dor que você viu estampada no meu rosto, naquele dia, o tempo já tratou de apagar.
Restou, sinto dizer, do amor que nos vivemos, um resquício de uma tristeza vaga e permanente, que em certas horas do dia ou da noite, mais da noite que do dia, me deixa abatido e desconsolado. Mas eu já me acostumei a viver assim com esta doce melancolia, que por incrível que possa parecer, tornou-se, não por vontade dela, mas por uma condição primeira, a da desolação de uma paixão, uma fiel companheira de todas as manhas em que acordo sozinho em minha cama. A única certeza que tenho e sei que você também tem, é a de que Eu ainda não te esqueci. Apesar dos pesares.