Rasgo o véu da noite com as unhas
Dos olhos caem lágrimas estreladas
Só os astros servem de testemunhas
Do falecer, de fato, de todas as fadas.
Mudaram os nomes, trocaram alcunhas
Nem mesmo um azular de ninfas aladas
Nem mesmo um corisco a soltar fagulhas
Nos seios das águas, éguas andaluz, caladas.
A mão que rasga é a mesma mão que costura
O tênue tecido da noite que não fere e insiste
Em permanecer no empíreo de forma empírica.
Se é noite de eterno contemplar, o quanto dura?
Se é teia tênue de frágil tecido, porque existe
Senão para que seja tecida esta leve linha lírica?
Gyl Ferrys