Entre as paredes nuas
há objetos purificados,
adornando os átrios dos templos
onde as ninfas não pisaram.
Dentro do cofre,
atrás do portão,
entre os quatro cantos,
em silêncio profundo,
tudo se transforma em pedra.
Há uma pedra no horizonte,
há fogo na banheira,
há água
no abismo da memória,
há hipocampos cegos nos abissais.
Ofuscam a mente momentaneamente,
mas, na maioria das vezes
parecem ser nada,
apenas reflexos.
Entre as paredes nuas,
entre os quatro cantos,
equilibrando-se no teto,
entre os espaldares das cadeiras,
navegar é preciso
e necessário,
olhando Pégasus ao sul
em direção à Andrômeda.
No limite da carne,
no cerne liso suberiano
do sangue pulsante,
silenciando
sentimentos mundanos.
Na corrente de pensamentos,
silenciar
sentimentos terrenos,
para ver
e ouvir,
sentir a gosto,
cheirar
e tocar
em dias alternados,
imutável
na invariabilidade
sensível
da fidelidade
das cordas de varais aos toldos de lona.
Imóvel em Alfa Centauro
escondendo a face
num cobertor de estrelas refestelado.
Olhos fechados para o mundo,
reunindo o poder da vida
nas palavras
e nas folhas brancas,
resumindo a existência
numa única palavra em mente,
antes da explosão final
de fogos de artifício.