Fim da página, fim da palavra
Fim do lápis, ponto final.
Só prá depois te escrever.
Fim do dia, fim da luz
Fim da estrada, ponto final.
Só pra te pintar nesse escuro.
Fim da rua, fim do beco
Fim da saída, ponto final.
Só pra me perder e te encontrar.
Fim da lida, fim da ida
Fim da vida, ponto final.
Dentro da imagem só pra te construir.
Fim da água, fim da mágoa
Fim do inverso, ponto final.
Só pra te beber e me embriagar.
Fim de agosto, fim do desgosto
Fim do imposto, ponto final.
Em nortada me formar só pra te soprar.
Fim da emoção, fim da estação,
Fim do desastre, ponto final.
Não espero momento senil prá te amar.
Fim da infância, fim da criança,
Fim do abraço, ponto final.
Sou o sinaleiro do tempo só prá te acordar.
Fim da colheita, fim da plantação,
Fim da estação, ponto final.
Sou lenheiro só pra te esquentar.
Fim da árvore, fim da sombra,
Fim de quem tomba, ponto final.
Me faço graveto só pra te amar.
Fim do cambista, fim do desarmar,
Fim do invés, ponto final.
Me faço de reverso pra ser o verso que vai te cantar.
Fim do final, fim da saída, fim dessa tarde,
Cheia de lua, cheia de rua, cheia de amar,
Cheia de sorte, sigo pro norte, querendo você,
Só vou ter você, ponto final. Essa é minha sorte.
José Veríssimo