Nunca pensei que as nuvens
não fossem mesmo de algodão.
Vou deixar de perguntar
por que o trenó vazio não chegou
e voou levando as bochechas rosadas
de uma lenda desde Cesaréia.
Não acho este mês bonito
nem este um dia especial.
A lua inquietante no céu
logo mais à meia noite
ninguém virá, nem irei a lugar algum.
Há muito já me esqueci dessa noite,
estamos no verão
não há neve nas noites de verão,
apenas noites enluaradas e tranquilas
nas clareiras das florestas.
Há muito me esqueci dessa noite
sempre vereei rostos cansados
semblantes pálidos
como as faces lívidas
de todos as felicidades mortas.
Não virá ninguém
apenas máscaras,
lanternas desnecessárias
procurando pérolas
ao longo da noite escura.
Sombras modeladas do passado
agindo de forma irrevogável
não ouvem ninguém cantando,
sequer sinos tocando em algum lugar
mesmo quase imperceptíveis
Há muito já me esqueci dessa noite,
logo mais à meia noite,
ninguém virá, nem irei a lugar algum.
Só os mesmos fantasmas cansados
de admirar raios do sol
entre a fumaça das chaminés das fábricas
caem em si confessos
que há na minha terra o natal enganado.