Fui no tempo pintando
teus relevos no vento
Escrutinei os céus
em busca dos beijos
filtrados pelas nuvens
onde sequencialmente
nos albergamos satisfeitos
Fui no tempo
nutrir-me de vida
protagonizar outros
segredos deixados
amarrotados em lençóis
despojados de memórias
Fui decretar aos sentidos
que sem malícias
um dia nos extasiamos
quebrando todas as demências
Domesticámos as esperas
despimos as saudades
ressuscitámos o silêncio
onde exprimimos
actos consentidos de amor
habitando as manhãs transitórias
amadurecidas de euforia
Um dia nossos seres
deixarão esculpidos
com elegância inconfundível
os ecos deste amor
para gáudio dos empaturrados
desejos
em plena simetria
Fui
e não mais voltei
deixei outras ausências
estampadas na indigência
dos tempos
Simplesmente faleci
neste vagar dos ventos
onde proscrito me entrego
peremptório e homologado
espreitando-te súbtil
na extravagância desse gingar
quando por mim tão alegre
e graciosa serpenteias
FC