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Margô_T | Publicado: 29/08/2016 08:22 Atualizado: 29/08/2016 08:22 |
Da casa!
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Re: Os Fins
As rotinas criteriosamente seguidas (e intermináveis) formatam “os dias e os poemas”, fazendo com que estes fiquem monótonos e “iguais” num “tédio” de “exactidões”.
O mesmo tédio finda as “vigílias” “dos corpos”, quando os “enigmas” parecem já ter sido todos “decifrados”, não havendo lugar para mais “desejos”. “apagados” os desejos, findadas as “partilhas” que mais une estes dois corpos? A resposta surge nesta estrofe: “A nota única que um piano repete insiste que o azul, que a noite preserva, um dia voltará.” Esta “nota única”, infindavelmente repetida num piano, também lembra a ideia de enfado anterior, mas aqui a nota é feita de esperança, insistindo “que o azul” “um dia voltará”… Resta, então, escutar o pianista e trazer o azul para a noite (e para o dia), adicionando novas notas que enxotem esse tédio já bem enformado. “Mas a fadiga interrompe as mãos e o piano é silenciado.” (diz-nos o poema) findando, assim, a possibilidade de um azul voltar a unir estes dois corpos condenados ao tédio por fadiga de continuarem em busca do azul. Estes são “os fins” ou, melhor, os sinais de um Fim em que “todos os dados já foram lançados” e as peças se afastam irreparavelmente desse tabuleiro que as fez partilhar um espaço comum. Fantástico poema. |