FIZ A PEÇA que a minha cunhada me pedira ontem, aproveitando que a eletricidade ainda não foi cortada. Entreguei a cadeira de Mozaniel que prometeu dar-me dez reais, mas trouxe café com leite e um litro de água. Entregaram a quarta conta de energia. Suei um pouquinho para fazer o quadrado.
VENHO TOMAR o meu banho de sol no terraço. Minha cunhada luta com a bomba d'agua.
- tem alguma coisa que não tá dando certo, não tem pressão - disse segurando a ponta da mangueira. O Patriarca comprometeu-se em pagar as contas atrasada, mandou-me busca-las na oficina. Lembrando-me dos contos de Marquez, alguns tristes e outros alegres, todos passados em alguma cidade da Europa. Agora descubro o realismo fantástico do indiano Rushdie. Troquei-o por Balzac estava com saudade das intrigas do belo Luciano e seus falsos amigos na bela e festeira Parias, a cidade que não perdoa ninguém. A miséria e a morte de sua amada a bela Coralie, expulsou-o o poeta de Paris com vinte francos ganho com o suor da bondosa normanda Berenice antiga empregada de Coralie. Uma tossinha enjoada, Adrielle a princesinha veio passar o final de semana conosco. A SKY fora do ar, professor vendo um filme no computador. Larissa cortando as linguiças para o jantar. Meu amado filho esteve aqui, conversamos sobre assuntos que tanto gostamos livros e filmes.
NUMA ENSOLARADA MANHÃ DOMINICAL, como nos filmes de Chaplin, o nosso herói desperta preguiçosamente, estica-se para os lados, boceja ainda sonolento, abre as folhas da janela para o vento e os raios solares espantarem os maus espíritos. Cofiei a barba, o fedor das merdas dos gatos. Na cabeça pensamento e a trilha sonora de "Tempos Modernos" e suas antológicas cenas. Aquela dele como garçom que vai servir a mesa, mas a multidão dançando no salão o envolve e a melhor de todas quando ele dança e canta aquele canção engraçada. Voltei atrás e comecei a digitar "Eu, 52 anos, tuberculoso" e assim vou levando essa tediosa vida. Danilo e a companheira almoçam. Minha cunhada enaltece e engrandece contando as velhas historias políticas de sempre, defendendo Sarney e o candidato Lobinho.
Repetindo as mesmas cenas o que sempre evito mas acabo caindo nas mesmas armadilhas. Danielzinho conseguiu consertar o sinal da SKY, que desde ontem estava fora do ar por inadimplência. professor caiu no grode, estava tranquilo - mas os problemas o forçaram a arejar um pouco. A pequena Adrielle ficou contente pode assistir os seus desenhos animados. Minha cunha um pouco alta ouve os antigos sucessos de Roberto Carlos. Larissa calada com cara de poucos amigos lavando as louças sujas do jantar. A mesma rotina e eu curto de ideias e de palavras. Ensino para a pequenina Adrielle agradecer em francês e espanhol - merci beaucoup e Muchas gracias - mas a linguinha dela não ajuda e engrola as palavras pronunciando engraçado com a vozinha infantil. Minha cunhada briga com Bruce, o cão porque rosnou para um dos gatos.
- O que foi, tio? -Pergunta a princesinha preocupada porque fiz uma cara chateado - O que foi ti? - repete inocentemente.