Poemas : 

Para Camões III

 
Perdem-se alvedrios conquistadores
Ostensos na afoiteza fidalga
Ratinhada ao monarca púbere.

Mecham-se brandões nas caravelas,
Assilham-se bombardas no porão,
Reúnem-se os nautas à proa
Entre demandas de um marrafão
Senhor da albescência das velas

Navega o vento gafeirento
Ustido por plegárias dos curas,
Navegam-se dores de despedida,
Cautelas de viagens futuras,
Amores perdidos no tempo.

Dionísio anestesiante conselheiro
Embalador dos sonhos do marinheiro.

Anfractuoso meato corrido
Nos filamentos de Neptuno,
Traçado a compassos incertos
Enfermo da beleza de Juno
Silenciado no medo sentido.

Norte perdido nos velhos rostos,
Apagado das decrépitas bússolas,
Vertido em báguas de sal
E escrito nas rugas do mar,
Guardador de almas.
Açambarcador da vontade de amar,
Deus insano de voz infernal
Ouvido na dor das pústulas,
Sentido em eternos desgostos.


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 23/02/2008 11:01  Atualizado: 23/02/2008 11:01
Membro de honra
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Mensagens: 3408
 Re: Para Camões III p/ Vera Silva
Agradeço o comentário aos três textos feito na tua pm.
A imaginação aqui expressa é menor que a de Camões, mas talvez seja mais difícil pela extensão que pretende ter.
Pena é que poucas sejam as pessoas que lêem Camões ou que o tentam compreender.
Espero que, pelo menos ele, aprove esta minha interpretação.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/02/2008 18:20  Atualizado: 25/02/2008 18:20
 Re: Para Camões III
Parabéns por mais esta descrição detalhada de mais um excelente verso d'os Lusíadas.

Enviado por Tópico
António MR Martins
Publicado: 16/10/2008 00:09  Atualizado: 16/10/2008 00:09
Colaborador
Usuário desde: 22/09/2008
Localidade: Ansião
Mensagens: 5058
 Re: Para Camões III
"Por mares nunca de antes navegados".
Belíssimo.
Um abraço